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Acordeão

O acordeão, é um instrumento musical aerofone de origem alemã, composto por um fole, palhetas livres e duas caixas harmónicas de madeira.

Etimologia

"Acordeão" e a corruptela acordeom vêm do alemão akkordium, pelo francês accordéon.

História

Em 2700 a.C., foi inventado, na China, o instrumento musical denominado Sheng, que é tocado até hoje. É uma espécie de órgão portátil tocado pelo sopro da boca. Tem a forma de uma fénix, que os chineses consideram a rainha entre as aves. O Sheng é o precursor do harmónio e do acordeão, pois foi o primeiro a ser idealizado e construído na família dos instrumentos de palheta. De acordo com a região que era usado, o Sheng recebia nomes diferentes: schonofouye , hounofouye, tcheng, cheng, khen, tam kim, yu, tchao e ho. De acordo com o padre jesuíta Amiot, o Sheng foi levado da China para São Petersburgo, na Rússia, onde Kratzenstein (Christien Theophile), doutor em filosofia, em medicina e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Copenhaga, nascido em Wernigerode, na Prússia, em 1723, examinou o instrumento e verificou que o seu agente sonoro era uma lâmina de metal que vibrava por meio do sopro, produzindo sons graves e agudos.

Ele sugeriu que Kirschnik aplicasse, nos tubos dos órgãos da sua construção, esta lâmina livre de metal, o que foi feito em 1780. Da Rússia, passou para a Europa, tendo a Alemanha tomado grande interesse sobretudo nos instrumentos de órgão. Foi daí que Christien Friederich Ludwig Buschmann, fabricante de instrumentos, teve a ideia de reunir várias lâminas afinadas e fixadas numa placa formando uma escala cujos sons se faziam ouvir passando rapidamente através do sopro, isto em 1822. Mais tarde, ele transformou esta pequena placa num instrumento musical para brinquedo de criança, tocado com as duas mãos, ao qual deu o nome de handaolina ou harmónica de mão. Para isso, aumentou o número de palhetas de metal e o tamanho do aparelho, anexando-lhe um pequeno fole e uma série de botões. Este instrumento, depois, segundo a história, foi aperfeiçoado por Koechel e, 7 anos mais tarde, o austríaco Cirilo Demian construiu, em Viena, um instrumento rudimentar de palheta livre, teclado e fole, ao qual, em virtude de ter 4 botões na parte da mão esquerda que, ao serem tocados com os dedos afundados, permitiam a obtenção do acorde, deu o nome de acordeão, nome que ficou definitivamente ligado ao instrumento através de inúmeros aperfeiçoamentos.

O sistema de palheta livre já havia sido aperfeiçoado por Grenié em 1810, na França, sendo rico em sonoridade e dando origem ao órgão. O francês Pinsonat empregou o mesmo sistema no alamiré ou diapasão tubular que veio a chamar-se tipófono ou tipótono e do qual se originou a gaita de boca, cuja invenção se deve a Eschenbach. A gaita de boca é um conjunto de palhetas metálicas como linguetas, dispostas cada uma em seu caixilho e vibradas pelo ar soprado pela boca.

Na França, o acordeão foi aperfeiçoado em 1837 por C. Buffet. Segundo todos os tratados sobre o assunto, o acordeão nada mais é do que o aperfeiçoamento de diversos instrumentos do mesmo género, como o oeline de Eschenbach, o aerophone de Christian Dietz, a physarmónica de Hackel etc., tomando, desde esta data, a sua forma definitiva e os seus variados registos para mudança de intensidade e timbre do som.

Mais tarde, com a escala cromática, o acordeão pôde produzir qualquer melodia ou harmonia e inúmeros fabricantes aperfeiçoaram-no colocando registos, tanto na mão direita com na esquerda, para maior variedade de sons. Na Alemanha, o primeiro acordeão foi construído em 1822, em Berlim, é deste país que vêm os célebres acordeões da marca Hohner. Os primeiros acordeões italianos foram construídos em 1863 em Castelfidardo, em Ancona, surgindo depois Paolo Soprani e Stradella-Dellapé.

 

Acordeão

O acordeão possui palhetas, fixas em pequenos suportes de madeira chamados de castelos. O som do acordeão é criado quando o ar que está no fole passa por pequenos tubos nos castelos que o direcionam até as palhetas, com a pressão do ar as palhetas vibram gerando o som. Quanto maior o tamanho da palheta, mais grave o som produzido. Quanto mais forte o ar é forçado para as palhetas, mais intenso é o som. O movimento do fole é controlado com o braço esquerdo. A maioria dos acordeões tem quatro vozes, que são diferentes oitavas para uma mesma tecla ou botão. Portanto, num acordeão de quatro vozes com o registo 'master' pressionado, ao tocar um Dó, na verdade são tocados dois Dós na oitava que pressionou, um Dó uma oitava acima e um Dó na oitava abaixo, e isso é responsável pelo som único do acordeão.

Teclado ou botões

No que toca ao lado direito do acordeão, um acordeão cromático pode ter botões ou teclado. O acordeão com teclado ou piano, é composto por um teclado de um piano colocado na vertical, com as notas mais graves em cima e as mais agudas em baixo. O acordeão cromático com botões, apresenta botões cujo número pode variar, que são tocados com a mão direita, e cuja disposição dos botões segue a ordem das escalas cromáticas. Além destes tipos, existe, atualmente, o acordeão de baixo solto, que é construído como o campo esquerdo do piano, sendo possível formar acordes mais sofisticados. Ao carregar numa tecla do teclado ou num botão, uma alavanca sobe, que libera um buraco ligado ao fole que permite o ar passar pelas palhetas e assim criar o som.

 

Baixos

Os baixos são botões tocados com a mão esquerda que exercem função ou de baixo (como a tuba numa banda ou a mão esquerda em uma valsa para piano), tocando notas e acordes, num ritmo determinado pelo estilo de música (podem também ser clicados o baixo e o acorde simultaneamente para exercer a função do teclado em uma banda de rock) ou de baixo-livre (como os pedais em um órgão), mais usado em peças clássicas.

A principal configuração de baixos é o sistema Stradella, na qual as duas primeiras fileiras são notas, sendo a segunda o baixo fundamental, que determina a tonalidade dos acordes abaixo, e a primeira, acima da segunda, o intervalo de terceira maior a partir da fundamental. As outras 4 fileiras abaixo são os acordes maiores, menores, de sétima dominante e sétima diminuto, organizados em colunas a partir da nota da sua fileira. Os baixos fundamentais e contrabaixos são organizados em quintas com a nota seguinte, como de si bemol para fá, de fá para dó, de dó para sol etc.

Quanto ao dedilhado dos baixos, a localização das notas num acordeão de 120 baixos é feita através de marcas nos baixos fundamentais de lá bemol, dó e mi. A maioria dos acordeonistas eruditos utiliza o dedilhado 4-3-2-5, na qual os baixos fundamentais são tocados com o dedo 4, utilizando o dedo 2 para alcançar o botão ao lado (a quinta), quando necessário; o dedo 3 para os acordes maiores; e o dedo 2 para acordes menores, 7 dominante e 7 diminuto, se utilizando o dedo 3 para carregar o botão ao lado (a quinta), quando necessário, já que o dedo 2 estaria ocupado tocando o acorde. Em caso de necessidade de carregar o contrabaixo menor, utiliza-se o dedo 5, como com o dedo 4 em dó e o 5 em mi bemol. Obviamente, existem exceções, como em casos em que se utiliza o dedo 3 para pisar o baixo de dó e o dedo 4 para pisar o acorde de fá maior, entre outros casos especiais. Popularmente, também é utilizado o dedilhado 3-2-5, no qual se utiliza o dedo 3 e 2 para baixos e contrabaixos (o 5 em contrabaixos menores) e o 2 em todos os acordes, maiores, menores, 7 dominante e diminutos. Em caso de baixo-livre, o dedilhado deve ser elaborado pelo acordeonista ou é fornecido na própria partitura, acima ou abaixo da nota.

 

Registos

Registos são teclas que modificam o som, alternando quais oitavas são tocadas. Localizam-se acima das teclas, no caso do teclado ou então próximos ao fole ou no caso dos baixos na parte de trás do acordeão.

 

Os registos mais comuns são:

  • Master (obrigatório, sendo o registo principal, com o som de acordeão)

  • Bassoon

  • Piccollo

  • Musette

  • Clarinete

  • Bandoneon

  • Órgão

  • Violino

  • Flauta

  • Flautim

  • Oboé

  • Saxofone

 

Entre muitos outros, podendo ter até mais de 30 teclas (repetindo alguns registos para melhor alcance durante a execução da música).

Notação musical

A notação musical do acordeão é feita em clave de sol (ou de violino) e de fá (ou de baixo). A clave de sol é escrita exatamente como em partituras para piano (no caso de acordeões diatónicos), obedecendo as mesmas normas de dinâmica e escrita, pois o teclado é idêntico. É na clave de fá onde está a grande diferença entre a partitura de acordeão e piano. É organizada da seguinte maneira: Abaixo da linha central do pentagrama (ré), as notas são baixos fundamentais ou contrabaixo. Se for baixo, é notada normalmente, como acontece com o fá logo no primeiro compasso, se for contrabaixo, recebe um traço logo abaixo da nota, como acontece com o Si no segundo compasso. Acima da linha central do pentagrama, as notas são Acordes, recebendo, acima da nota, M (ou maj) para acorde maior, m (ou min) para acorde menor, 7 (ou S ou 'set') para acorde de sétima dominante e d (ou dim) para acordes de sétima diminuto.

Tessitura

Embora quando se utiliza os registos a tessitura do acordeão alcance as regiões sub-grave e super-aguda, a notação é feita como se estivesse utilizando o registo Master ou Clarinete (respeitando a regra de notação para os Baixos), de modo que a notação jamais vai acontecer acima do Lá 5 na Clave de Sol ou abaixo do Ré ou Dó 1 na clave de Fá.

Num acordeão de quatro vozes as notas do registo clarinete costumam vir repetidas, sendo uma na afinação padrão e a outra com uma ligeira desafinação tendendo ao mais grave. Não foi adicionada a tessitura dos acordes nos baixos em virtude da falta de padronização. Em outras palavras, a tessitura neste aspeto varia muito de acordo com a marca, modelo e origem do instrumento.

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